Historial
Moçambique é um país localizado na Costa Oriental Africana com uma população de cerca de 22.000.000 de habitantes de acordo com o Instituto Nacional de Estatísticas. Apesar do reconhecido esforço desenvolvido pelo Governo, sector privado e parceiros, Moçambique continua a figurar entre os países mais pobres do mundo (4º lugar de Baixo para cima dum universo de 193 paises) sendo um dos principais problemas que mais afecta a sua população a exclusão das pessoas com deficiência, traduzindo-se no desigual tratamento dentro da família e da comunidade, no fraco ensino inclusivo, na fraca acessibilidade e sensibilidade das instituições públicas e privadas, na ausência do respeito à diferença, na inobservância das políticas e normas estabelecidas sobre a protecção social, na fraca observação dos direitos humanos das pessoas com deficiência.
A História sobre o surgimento da ACAMO, inicia pela primeira vez em Moçambique no ano 1980. Nessa altura, desejando conservar o vínculo de amizade e de relacionamento de colegas, um grupo de antigos estudantes do então Instituto Assis Milton, mais tarde Instituto de Deficientes Visuais, liderado pelo saudoso Professor Innocent Boroma decidiu fundar a Organização Nacional dos Cegos de Moçambique (ONACEMO). A ONACEMO tinha como objectivo angariar fundos a partir das quotas dos seus sócios e de outras iniciativas, como por exemplo a realização de espectáculos musicais, com o objectivo de financiar encontros regulares do grupo, mormente nas datas festivas, sendo o grosso dos associados constituído por cegos trabalhadores em Sofala e Chimoio.
Contudo, o movimento não foi oficialmente reconhecido, em virtude da Constituição da República não consagrar até então o direito de reunião e de Associação. Não obstante, os Cegos e Amblíopes de Moçambique continuaram a lutar de diferentes formas para concretização do seu almejado sonho: (criar uma organização de e para cegos e deficientes visuais). Mais tarde, como resultado de contactos e lobby’s feitos pelo saudoso Dr. Raúl Bernardo Honwana, o Comité Central da FRELIMO autorizaria a criação, não da ONACEMO, mas da Associação dos Deficientes de Moçambique (ADEMO), com o mandato de representar os interesses de todas as pessoas com deficiência. Consequentemente, em 17 de Novembro de 1989, era fundada ADEMO, constituída por vários departamentos, representando cada uma das diferentes deficiências.
Todavia, a supremacia dos deficientes físicos, mais letrados, sobre as pessoas de outros tipos de impedimentos, a dificuldade de interpretar fielmente os interesses particulares das deficiências, a divergência na definição de prioridades, a subestimação de determinadas vontades, a dificuldade de dar voz a todos os grupos na resolução dos problemas específicos, conduz ao desmembramento da ADEMO, uma situação em que cada departamento se desliga da associação e se transforma numa organização não Governamental independente. Este processo foi grandemente facilitado pela revisão da Constituição de 1991, que abre espaço para o direito a liberdade de reunião e de associação. Desde então os deficientes visuais iniciam um vasto movimento organizativo, encabeçado por Dr. Raúl Bernardo Honwana, que conduz à formação da ACAMO a 10 de Março de 1995, com forte apoio da Associação dos Cegos e Amblíopes da Noruega (NABP).
Ao contrário doutras associações, a ACAMO encontra-se sedeada na Cidade da Beira, pelo facto de existir nessa Cidade a 1ª e a única escola vocacionada para ensino de cegos e deficientes visuais.
A partir da Beira, ao longo dos anos após a sua criação, ACAMO desenvolveu um trabalho de expansão para o resto do território Nacional. Toda esta dinâmica de transformação institucional e ideológica leva a que, a ACAMO hoje se defina prioritariamente como uma organização de promoção dos direitos humanos para as pessoas com deficiência visual.