
ASSINALA-SE O DIA MUNDIAL DA GRAFIA BRAILLE
Comemora-se hoje, 4 de Janeiro, o Dia Mundial da Grafia Braille e, no nosso país, a data será celebrada sob o lema “Com o Braille Promovemos a Acessibilidade para as Pessoas com Deficiência Visual”. O lema foi escolhido tendo em conta a necessidade da aglutinação de diferentes forças em prol da promoção deste sistema de escrita, por forma a erradicar as barreiras de comunicação e melhorar a participação das pessoas com deficiência visual em todas as frentes.
As comemorações, organizadas pela Associação dos Cegos e Amblíopes de Moçambique (ACAMO), em todas as províncias do país, envolverão, igualmente, as instituições públicas e privadas, no dia 4, contudo, poderão prolongar-se até ao final do mês de Janeiro, com diferentes actividades, entre as quais encontros de advocacia sobre a importância de Braille, debates radiofónicos e televisivos, bem como artigos em jornais, palestras em instituições públicas e na comunidade, para além da realização de actividades culturais, nomeadamente o teatro, declamação de poemas, para exaltar a data.
Estas actividades têm por objectivo consciencializar a sociedade sobre a importância da grafia Braille na inclusão social das pessoas com deficiência visual, a sensibilização dos vários actores para que percebam a importância da grafia Braille na inclusão social deste grupo social, assim como para a reflexão sobre a inclusão da pessoa com deficiência visual no contexto social, económico, cultural e científico.
O Sistema Braille é um código universal de leitura táctil e escrita, usado por pessoas cegas, inventado na França por Louis Braille, um jovem cego. Reconhece-se o ano de 1825 como o marco dessa importante conquista para a educação e a integração das pessoas com deficiência visual na sociedade.
Antes desse histórico invento, registaram-se inúmeras tentativas, em diferentes países, no sentido de encontrar-se um meio que proporcionasse às pessoas cegas condições de ler e escrever. Dentre essas tentativas, destaca-se o processo de representação dos caracteres comuns com linhas em alto-relevo, adaptado pelo francês Valentin Hauy, fundador da primeira escola para cegos no mundo, em 1784, na cidade de Paris, denominado Instituto Real dos Jovens Cegos.
Louis Braille, ainda jovem estudante, tomou conhecimento de uma invenção denominada sonografia, ou código militar, desenvolvida por Charles Barbier, oficial do exército francês. O invento tinha como objectivo possibilitar a comunicação nocturna entre oficiais nas campanhas de guerra.
Baseava-se em doze sinais, compreendendo linhas e pontos salientes, representando sílabas na língua francesa. O invento de Barbier não logrou êxito no que se propunha, inicialmente. O bem-intencionado oficial levou seu invento para ser experimentado entre as pessoas cegas do Instituto Real dos Jovens Cegos.
A significação táctil dos pontos em relevo do invento de Barbier foi a base para a criação do Sistema Braille, aplicável tanto na leitura como na escrita por pessoas cegas e cuja estrutura diverge, fundamentalmente, do processo que inspirou o seu inventor. O Sistema Braille, utilizando seis pontos em relevo dispostos em duas colunas, possibilita a formação de 63 símbolos simples e 189 símbolos compostos diferentes, usados em textos literários nos diversos idiomas, como também na simbologia matemática e científica em geral, na música e, recentemente, na Informática.
As celebrações anuais desta data têm como objectivo, engrandecer a consciência sobre a importância do braille como meio de comunicação para a plena realização dos direitos humanos das pessoas com deficiência visual em particular.
O Braille é essencial para a alfabetização e aprendizagem ao longo da vida dos cegos, para a sua liberdade de expressão e opinião, bem como para a sua inclusão e integração social.
Estes direitos estão elucidados nos artigos 21 e 24 da Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e o Objectivo de Desenvolvimento Sustentável 4, que se centraliza na qualidade de educação inclusiva e equitativa e promoção de oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos.